Quando eu morrer esqueça as exéquias
Não quero lágrimas, muito menos soluços em vão
Apenas o silêncio menor da minha hora derradeira.
Deixe os meus pés aquecidos, bem unidos
Mas o violão, este num varal colorido, solto ao vento
Para os pássaros cantarem em sol seus cantos de liberdade.
Quando eu morrer doe minhas relíquias
O maior tesouro de verdade eu mesmo levo e sou
Sou lua no breu do cais, vento dos vendavais
História que um dia o mar levou.
A cada brilho lunar, em todo pôr do sol
Presente estarei à sua presença, paixão desmedida
Porque nada acaba um amor avassalador
Nem mesmo a noite vazia da lenta e morna despedida.
rsf/2007
*Guernica, de Pablo Picasso