sábado, 2 de julho de 2011

Pregão da Festa de São Bartolomeu 2011


Como todos sabem, já faz alguns séculos que, nesta querida, se celebra com muito carinho e amor a festa do Padroeiro São Bartolomeu e um mês antes, se anuncia que Agosto está chegando e por que não dizer que Agosto, nós dá muito gosto, em Maragojipe.
Os festejos dos santos na Igreja Católica é momento forte de evangelização; por iss, os bispos e Papas, nos documentos oficiais, têm incentivado que seja realmente feita uma boa evangelização. Evangelizar é conscientizar as pessoas sobre as doutrinas e ensinamentos de Jesus Cristo.
A festa do Padroeiro é feita com temas bíblicos, que mostram a vida do Santo e seu exemplo de Cristão.
Aqui em Maragojipe, se bem observado, acontece uma verdadeira evangelização, o clima de fraternidade, as famílias recebem os irmãos que vêm para a festa do Padroeiro, criando assim um ambiente cristão.
A Comissão de Festas prepara tudo para que a festa seja bonita e, para isso, vai aos devotos de casa em casa para receber as doações para as despesas da festa e outras manutenções da Paróquia, durante o ano. Tudo feito com amor.
O povo, nas praças, brilha de alegria e felicidade. As novenas sempre belíssimas, com a participação geral da população local e dos que vêm de outras Cidades e Estados para juntos festejarmos o Santo Padroeiro.
É Agosto, tudo se faz para que a festa seja, de fato, Cristã.
Tomando um texto do saudoso irmão Dr. Ronaldo Souza: "Que o venerável São Bartolomeu interceda junto ao Pai e ao Filho para que Maragojipe tenha e concórdia e que nunca falte o alimento em sua mesa, e em seu coração sempre habitem as palavras e exemplos generosos de bondade, caridade e misericórdia."
Quero conclamar a todos os fiéis católicos para participarem das belas novenas e das santas missas, que compõem os nossos festejos ao Padroeiro, e que Jesus Cristo, Mestre dos mestres, nos ajude neste momento tão especial de nossa fé. Amém!

Maragojipe, 02 de julho de 2011
Pe. Reginaldo Almeida Moraes
Pároco

Realização: Paróquia de São Bartolomeu - Maragojipe-Bahia / Comissão de Festas e Serviços Paroquiais
Apoio: Prefeitura Municipal de Maragojipe

Calendário - Festa do Orago São Bartolomeu

02/07/11 - Pregão
01/08/11 - Dia de oração em preparação à festa
07/08/11 - Bando Anunciador - 09h
14/08/11 - Lavagem do Templo - 09h
19/08/11 - Início do Novenário - 20h
20/08/11 - Regata Aratu x Maragojipe
21/08/11 - Lavagem Popular - 11h
24/08/11 - Dia de São Bartolomeu - Missas 05h e 10h
28/08/11 - Domingo da Festa - Missas 10h e 16h
29/08/11 - Missa Comunitária 08h; Procissão 16h
30/08/11 - Show pirotécnico - 22h



"Quanta falta do que dizer; quanta falta você nos (me) faz...".


terça-feira, 10 de maio de 2011

São João 2011 - Aluguel de Casa


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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Sonhos ao longo da caminhada


OUTONO
Por Isidro Duarte


Não era p'ra você chegar assim:
Pedaço de manhã esfacelada,
Pétala de bonina macerada,
Um aroma esmigalhado de jasmim.


Não era p'ra você chorar o fim
Do que não houve, alma embaraçada.
Pelas heras de longa caminhada
Insana, ensandecida só por mim.


Não era só porque, por tudo quanto
Não fala à alma e não forja o pranto
Vale a pena viver por mesmo um sonho.


Assim, esta inútil caminhada 
Gerou no toldo azul do tudo e nada
Um ar de tarde outonal bisonho.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

*Sertão é dentro da gente

Por Gustavo Adonias

"Sertão é quando a gente sente
Que está rachando de repente
E não há como juntar os pedaços novamente
Sertão é o seco caminho de rio
Açude vazio
Espinho de esperança
Sertão é quando a gente olha
E até onde a vista alcança
É apenas sol, fustigando feito lança
Sertão é caatinga de sentimentos
Sertanejo lamento
D'alma retirante
Sertão é a légua tirana
Ferindo nossos passos sem alpercatas
Sertão a gente sente
Sertão é dentro da gente...".

*Poesia baseada nesta frase de Guimarães Rosa

sexta-feira, 18 de março de 2011

A ida


Quando eu morrer esqueça as exéquias
Não quero lágrimas, muito menos soluços em vão
Apenas o silêncio menor da minha hora derradeira.

Deixe os meus pés aquecidos, bem unidos
Mas o violão, este num varal colorido, solto ao vento
Para os pássaros cantarem em sol seus cantos de liberdade.

Quando eu morrer doe minhas relíquias
O maior tesouro de verdade eu mesmo levo e sou
Sou lua no breu do cais, vento dos vendavais
História que um dia o mar levou.

A cada brilho lunar, em todo pôr do sol
Presente estarei à sua presença, paixão desmedida
Porque nada acaba um amor avassalador
Nem mesmo a noite vazia da lenta e morna despedida.


rsf/2007


*Guernica, de Pablo Picasso 

quinta-feira, 17 de março de 2011

A mala, a lama e a alma: o anagrama pré-carnavalesco de um povo


Onze horas da noite na pacata Maragojipe. Uma movimentação inusitada interrompe o sono da noite lá pelos lados da Enseadinha, comunidade humildemente pesqueira, ligada umbilicalmente ao tradicional e extenso bairro da Enseada. E não era vai e vem de pescador indo e voltando do mar. Estamos quase no dia 05 de março, mas restam ainda algumas horas de penumbra até a chegada do próximo dilúculo. Tempo suficiente para o sobrenatural tornar a alimentar o imaginário cultural maragojipano.
A madrugada se aproxima e é cúmplice do ritual secular que de novo está prestes a acontecer. O acanhado templo de São Pedro, incrustado nas proximidades do vasto manguezal, é o ponto de partida desta fábula carnavalesca que celebra a amizade e a irreverência de um povo, que se comunica com espíritos e ri das desgraças com o mesmo entusiasmo com que festeja a vida.
Sebão, do alto dos seus um metro e oitenta, foi o primeiro a chegar à esquina de professora Lealda, acompanhado de Mimito, Zé Mário e do risonho Bartola. O “grande” Mumunga veio logo em seguida, com uma mala de couro antiga numa das mãos. Da esquina dos Correios, com a fala embolada de tanta birita sorvida mais cedo em Zé do Sinal, Xêra provoca: “O dinheiro da caixa foi parar nessa mala, né, pacoteiro?”, numa clara alusão ao golpe da pirâmide aplicado na cidade há cerca de dois anos. A trambicaria lesou o bolso da maioria dos maragojipanos, embora outros tantos tenham se “armado”. Mas, a mala em questão, continha apenas velas e lençóis.  
A trupe se dirigia à capela de São Pedro, a fim de iniciar os preparativos para a saída, à meia-noite, do Cortejo das Almas, costume popular que invade as ruas de Maragojipe exatamente na véspera dos festejos carnavalescos. Reza a lenda, que os antepassados repetiam o ritual todos os anos, com o intuito de buscar proteção espiritual extra para os dias seguidos de agitação, festa e folia.
Todos prontos para deixar o templo, quando Sebão, com sua voz grave, pergunta: “Quem se encarregou de trazer o bumbo?”. Em uníssono, o restante do grupo respondeu: “Toinho Galinha!”. Eis que, ao longe, ouviram o rufar de um instrumento desafinado. Os amigos se entreolharam e, usando os ouvidos tal qual um GPS, caminharam até a entrada do Beco dos Canudos.
Não dava pra enxergar muito com a escassa iluminação do lugar. Sabiam, apenas, que algo ou alguém estava vindo do lado de lá. De repente, o bumbo se “calou”. Um silêncio sepulcral tomou conta das imediações da olaria de Kikito. Foi aí que, quase com o coração saindo pela boca, Bocoió apareceu do nada e saiu gritando: “É assombração, porra!”. A turma saiu em disparada, desesperada, tropeçando um no outro e arrancando, dos pés, cabeças de dedo pelo caminho.
No final de tudo, o vulto negro nada mais era do que Toinho Galinha, todo enlameado, do pé à cabeça, parecendo que tinha saído de dentro do mangue naquele exato instante. Passado o susto, refeitos os ânimos, alguns escarmentos depois, partiram as “almas” rumo ao silêncio das ruas e aos olhares trépidos da noite, em busca de protegimento e diversão.
O carnaval daquele ano transcorreu na mais pura tranquilidade. Os espíritos entenderam a “mensagem”. Os nossos “aliados” resguardaram a cidade e os foliões durante todo o período momesco. O ritual secular das almas novamente foi bem sucedido e a preservação da paz tinha sido garantida com muito sucesso.
E mais uma vez os amigos, cada qual em suas casas, tiveram que ouvir muito na manhã seguinte. Mas todo ano é a mesma ladainha. Os lençóis brancos utilizados no rito são apanhados “por empréstimo” nos guarda-roupas da Enseadinha.
Tudo em nome da tradição e da perpetuação da felicidade, ou melhor, da insistência em ser humano e mais uma vez em ser feliz.

rfs/mar2011


*Starry Night (Noite Estrelada), de Vicent Van Gogh

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Cada qual com a sua

Agonia

No teu grande corpo branco depois eu fiquei.
Tinha os olhos lívidos e tive medo.
Já não havia sombra em ti – eras como um grande deserto de areia
Onde eu houvesse tombado após uma longa caminhada sem noites.
Na minha angústia eu buscava a paisagem calma
Que me havias dado tanto tempo
Mas tudo era estéril e mostruoso e sem vida
E teus seios eram dunas desfeitas pelo vendaval que passara.
Eu estremecia agonizando e procurava me erguer
Mas teu ventre era como areia movediça para os meus dedos.
Procurei ficar imóvel e orar, mas fui me afogando em ti mesma
Desaparecendo no teu ser disperso que se contraía como a voragem.

Depois foi o sono, o escuro, a morte.


Quando despertei era claro e eu tinha brotado novamente

Vinha cheio do pavor das tuas entranhas.

Vinicius de Moraes, Rio de Janeiro, 1935